Mensagens

22/01/2013 09:48

Eu quero ver a paz...



Paz tão pedida, paz tão amada.
Paz tão querida e tão desejada.
Quero paz, quero a vida.
Quero a mão da paz amiga.

Mão que constrói, não destrói;
que ajuda, não derruba.
Mão que edifica, não complica.
Pois a confusão só traz guerra ao coração.

Guerra traz morte e morte de inocentes.
Eu quero a paz, embora tão ausente,
pois a guerra só gera brigas de poder.
E onde está a paz que queremos ver?

Por isso somos convocados a acordar
para viver a paz por Jesus pregada,
vivida e anunciada.
A verdadeira paz, eu quero ver!


Carlos Silva

Referência: Mensagens para o ano todo - Vol 02

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21/01/2013 10:14

Hino do amor...



O amor não passará
Um dia, para sempre,
Além de toda noite
Já só será o amor

Se eu tivesse em mim
Todas as emissoras
E os palanques de rock do mundo inteiro
E os altares
E as cátedras
E os parlamentos todos,
Mas não tivesse amor,
Eu seria... ruído só,
Ruído no ruído.

Se eu tivesse o dom de adivinhar
E o dom de encher estádios
E o dom de fazer curas
E uma suposta fé,
Capaz de transportar qualquer montanha,
Mas não tivesse amor
Eu só seria... um circo religioso.

Se eu distribuísse
Os bens que ganhei mal
Quem sabe, quem não sabe?
Em cestas de natal
E em propalados gestos caridosos
E fosse até capaz de dar minha saúde
Em pressas e eficácias,
Mas não tivesse amor,
Eu só seria... imagem entre imagens.

Paciente é o amor e prestativo,
Como um colo materno.
Não tem inveja, nem se vangloria.
Não busca o interesse, como fazem os bancos.
Sabe ser gratuito e solidário,
Como a mesa da páscoa.
Não compactua, nunca, com a injustiça, nunca!
Faz festa da verdade.
Sabe esperar,
Forçando, corajoso, as portas do futuro.

O amor não passará,
Passado tudo o que não seja ele.
Na tarde desta vida,
Nos julgará o amor.

Criança é a ciência e engatinha,
Criança é a lei,
Brinquedo, o dogma.
O amor já tem a idade sem idade de Deus.
Agora é um espelho a luz que contemplamos,
Um dia será o rosto, face a face.
Veremos e amaremos como ele nos vê,
Como ele nos ama.

Agora são as três:
A fé, que é noite escura.
A pequena esperança, tão teimosa.
E ele, o amor, que é o maior.
Um dia, para sempre,
Além de toda noite e toda espera,
Já só será o amor.


Pedro Casaldáliga

Referência: Agora vale a vida - Cid Moreira

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20/01/2013 10:17

Deus é o criador do mundo.



"Do Senhor é a terra com tudo o que ela contém". Sl. 24,1

Pelas flores que se abrem a nossos pés,
Pai, damos graças a ti.
Pela relva suave, tão verde e tão tenra,
Pai, damos graças a ti.
Pelo canto das aves e o mel das abelhas, Por tudo o que vemos e ouvimos de belo, Pai, celeste, damos graças a ti.

Pelo azul do céu e pelo azul do mar,
Pai, damos graças a ti.
Pela sombra amena dos altos ramos,
Pai, damos graças a ti.
Pelo ar perfumado e o frescor da brisa,
Pela beleza das árvores floridas,
Pai celeste, damos graças a ti.

Pela manhã que nasce com a sua luz,
Pai, damos graças a ti.
Pelo abrigo e o repouso da noite,
Pai, damos graças a ti.
Pela saúde e alimento, pelo amor e amizade,
por tudo o que nos envia a tua bondade,
Pai celeste, damos graças a ti.


Ralph Waldo Emerson
Do livro: As mais belas orações - Paulinas

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19/01/2013 11:01

A fábula das garças



Em um recinto do zoológico foi oferecida a um bando de garças uma extraordinária abundância de alimentos. Para elas era o paraíso na terra.

Contudo, tornou se um inferno: a ordem social e a vida familiar das brancas garças ficaram completamente abaladas.

Enquanto a atividade sexual do bando crescia até mesmo a níveis grotescos, a prole diminuía sensivelmente.

As aves adultas, que em liberdade viviam em severa monogamia, só pensavam em adultérios, poligamia, violência carnal e até incesto, guerra com os vizinhos e também em família.

Sempre sangrando e enlameadas, pisavam nos ovos dos ninhos e deixavam morrer os filhotes.
Os pequenos que conseguiam sobreviver não aprendiam a prover seu sustento. A única coisa que os ligava aos três ou quatro "pais" era o incessante pedido de alimento.

Mesmo depois de adultos continuavam a perseguir os mais velhos até diante das vasilhas, sempre transbordantes de alimentos, pedindo com lamuriosa insistência, até que aqueles, para ter um pouco de paz, colocavam lhes alguma coisa no bico.

Quando, depois, eles mesmos procriaram, não foram capazes de cuidar dos seus filhotes.
E assim, os avós tiveram de alimentar, ao mesmo tempo, filhos e netos.


Wendell Berry
Do livro: A civilização da ternura - Paulinas

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19/01/2013 11:00

Minha vida é um paraiso: a PAZ


É próprio do nosso eu melhor infundir força e coragem, consolar, acarinhar como faz a mãe ao seu único filho, provocar comoção e lágrimas, transmitir paz e inspirar projetos de vida, a nós e aos outros, facilitando sua realização e desfazendo impedimentos.

Então sentimos intensa calma no íntimo, doce serenidade invade todo o ser.
No fundo do coração acende-se docemente algo misterioso que faz amar o Criador e desperta ternura pela criação, em que se queira possuí-Ia nem dominá-la, porque, finalmente, é sentida como criatura dele.

Estamos em paz e serenidade quando nos comovemos e sentimos ternura por cada criatura no mais íntimo das entranhas, e agradecemos a Deus por cada uma.
Estamos em paz e serenidade quando somos capazes de queixar-nos pela sensibilidade ainda tão grosseira e chorar pelos milhões de pobres cristos que com nossas afrontas, egoísmos e indiferenças, ou nossas cumplicidades sem consciência, crucificamos hoje.

Estamos em paz e serenidade quando cresce a confiança em Deus e nos irmãos, bem como a esperança, e quando o amor começa a inundar a vida, as relações com os irmãos e com o Pai.

Estamos em paz e serenidade quando sentimos alegria e felicidade pelas coisas de Deus e seus segredos, e o caminho que trilhamos com ele que conduz à liberdade.
Quando estivermos em paz pensemos em não ser orgulhosos, mas redimensionar-nos o mais possível, meditando no pouco que valemos quando estamos deprimidos, sem aquele estado de paz dado por Deus. Porque só Deus pode proporcionar essa paz, assim, sem motivo.

Porque é próprio do Criador entrar e sair da nossa vida fazendo com que ela alcance o cume infinito do seu amor.

Porque é próprio de Deus oferecer emoções de alegria e felicidade e presentear a plenitude e a unidade do nosso eu finalmente recomposto e unido no nicho do nosso eu melhor , arrancando do coração toda tristeza e perturbação, astuciosamente inoculadas pelo eu pior.

É preciso estar bem alerta ao rumo dos pensamentos. Se o pensamento inicial, com seus valores, se os meios e fins que os nossos pensamentos se propõem tendem para a paz de cada ser humano e criatura da Criação, então significa que vêm do nosso eu melhor e louvam realmente a Deus, nosso criador e Pai.


Giuliana Martirani
Do livro: A civilização da ternura - Pauli

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17/01/2013 17:40

Dá-nos a tua paz!



Senhor, o mundo precisa de paz.
Em toda parte se vê a angústia e o medo.
Onde não existe a guerra,
Existe a ameaça dela,
Os homens vivem se armando,
Embora todo mundo fale de paz.
Está aí a violência em todas as suas formas.

Aí estão as restrições,
Aí está a falta de diálogo,
Aí está a ambição incontrolável,
Aí está a incrível sede de domínio econômico e político.

Senhor, volve para nós teu olhar de misericórdia.
Faze-nos mais justos e mais humanos.
É preciso que nos inspires
E nos mostres os caminhos da verdadeira paz.
Dá-nos a tua paz,
Que não é a paz que o mundo dá,
O que os homens entendem por paz?
Qual é a paz que eles procuram?
Tu porém nos dizes

A paz é como a chama que, embora silenciosa, é ativa.
A paz também se apressa,
Principalmente quando há uma lágrima a enxugar
A paz também fala,
Principalmente quando o silêncio é um pecado.
A paz também insiste,
Principalmente quando se trata de mudar certas coisas.
Paz não significa não fazer nada contra,
Mas fazer tudo para o bem de todos.
Não é ter tudo que dá a paz.
É satisfazer-se com o que basta,
Não é ter tudo que dá a paz,
Mas não ter nada compromete.
A certeza da paz é a justiça e o amor.
É humano quem fala de paz.
É bendito quem a faz.
A paz tem maiores ou menores proporções.
Ela só é toda quando Deus é tudo.


Orlando Gambi

Referência: Desiderata - Cid Moreira

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16/01/2013 23:25

Dá-nos a paz que se dá!

Quando te pedimos paz, devolve-nos o pedido, que é fácil pedir sem dar...

Ensina-nos a passar da tolerância ao amor; de sermos notas dispersas a sermos uma canção.

Quando entregamos as armas, ajuda-nos a entregar também, abertas, as almas, que a paz apenas sem guerraé pouca paz para nós.

Necessitamos da terra com casa, trabalho e pão, contigo no coração, com todos os povos, juntos, forjando o novo amanhã.

Dá-nos a paz que se faz!
Dá-nos a paz que se dá!


Pedro Casaldáliga

Referência: Mensagens para o ano todo - Vol 02

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15/01/2013 23:56

O eco e a voz...


Um homem de vida interior
afastou-se do tumulto da cidade
e das obrigações impostas por seus afazeres
e simplesmente contemplou as montanhas.

Durante algum tempo estaria impedido, ainda que involuntariamente, de se dedicar às suas obrigações cotidianas.
Mas por alguma razão, sentia-se solitário
e com o coração oprimido pela angústia.

Lançou seu grito ao vento e ouviu o eco que provinha de seu próprio interior.
Experimentava solidão, porque os homens e mulheres que automaticamente compunham o cenário de seus afazeres não o animavam com as questões práticas que se transformaram no sentido de sua vida.
Procurou distrair-se com a televisão, mas a atitude de seu exílio não permitia conectá-lo com a imensa vitrine em que o vídeo se transformara.

A angústia e a solidão aumentaram!
Após algum tempo, tornou a lançar seu grito ao vento e o que escutou foi o eco gerado na própria montanha.
Sua voz retornou, repetida e distante, exigindo do solitário um novo ponto de vista.
A vida continuava pulsando na grande cidade, com todos os problemas sendo produzidos e resolvidos apesar de sua ausência.
Os papéis sociais, a quem muitos homens e mulheres foram transformados, continuavam interagindo sem sua presença.

Um pássaro solitário também emitiu seu grito estridente, que foi reproduzido pelo eco da montanha.
Homem e pássaro gritavam e suas vozes, harmonizando a dignidade humana e da natureza, restauravam uma parceria perdida.
O silvo do vento nas copas das árvores e o fluxo harmonioso da cascata próxima enriqueceram uma vida ampliada, tornada holística, que escapara à redução do ser ao mero fazer.
Dir-se-ia que a grandeza do universo resgatava uma existência renovada.

O homem emitiu um novo grito.
O que ouviu foi o eco que reverberava a sua nova condição abrangente, livre, cósmica.
As vozes sufocadas do pássaro, sem desfazerem a realidade e seu ritmo, apenas sussurravam, reverentemente, diante da sinfonia maior.
Eis que o homem renovado, capaz de relativizar a sua participação no concerto do universo, compreendeu finalmente que o espírito livre se alimenta no vazio.


José Tarcísio Amorim

Referência: Tempos urgentes

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14/01/2013 23:55

Dexe-me cantar a paz!



Os homens, mais uma vez cavaram um fosso na estada da paz. Pisotearam o canteiro onde germina teimosamente a rosa da solidariedade entre os povos.

Eis que entre botas e tanques geme e sangra a estrela-liberdade! No prato ainda vergonhosamente vazio diante da criança que chora por comida. Os homens dos dólares oferecem bombas de fogo e veneno.

Aqui nestas terras ainda tão vazias de braços fraternais e máquinas inteligentes na batalha do pão e da humilhação saturam-nos os aviões de combate.

Os tanques de ataque os mísseis do genocídio fatal por todos os lados nas páginas inteiras em todos os canais nos agridem as más notícias do conflito infeccioso.

Eis que em nossas casas treme o nosso já tão frágil sossego familiar!
Trocam-se acusações presenteiam-se ameaças p õem-se em estado de prontidão máxima combinam-se em confabulações de emergência Planejam-se boicotes, bloqueios, ataques...

Nenhum deles faz um afago ou emite um gesto de ternura para a paz! Os corações dos poderosos são como pedras na beira dos caminhos duras e estéreis onde orvalho do amor já não respira.

Sobe o preço do petróleo a vida fica mais cara o mercado de armas se agita... Malditos sejam todos os promotores da guerra pais deste monstro arrasador da humanidade.

Senhores não dá pra ouvir por um segundo o grito das crianças que gemem por pão? Elas são suas reféns e estão em toda parte!

Silêncio, senhores canibais da esperança! Por um instante só Silêncio! Deixem que falem as crianças órfãs do Panamá. Os sobreviventes de Hiroshima as mães do Vietnã. O soldados mutilados pela praga pior de nossa história.

É tão dilacerante essa incômoda situação de guerra!... Silêncio, por um instante só deixem-se cantar ainda pela paz!


Zé Vicente

Referência: Tempos urgentes

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13/01/2013 23:54

Olhar


Encontrar pelo caminho uma amendoeira em flor, parar para sentir a sua beleza, acolhê-la em nós mesmos...
Assim como uma árvore pede para ser notada por aqueles que passam, o seu esplendor iluminará o olhar daquele que a percebe.
Nós somos filhos da felicidade ou da desventura que encontramos em nosso caminho.

Olhar é deixar-se invadir por aquilo que cerca você, sem demonstrar medo ou angústia.
Será como um lago tranqüilo, onde docemente repousará uma montanha
desfrutando ver e rever a própria imagem, sem ser julgada...
Olhar será fechar os olhos e deixar que o outro repouse dentro de você, sem aquele gesto de defesa ou de repulsa que seria natural.
Olhar convida-o a uma atitude de confiança, que espera encontrar antes de se separar,
de receber antes de discernir.

Mas o olhar é também o primeiro passo para o amor.
Porque será exatamente nesse instante que os seus olhos falarão do significado mais belo para o qual foram feitos, o de privilegiar.
Diferentemente do ouvido que, sinfonicamente, capta tudo aquilo que o circunda, o seu olhar repousará sobre um objeto ou sobre um rosto, por muito tempo, porque escolheu fazê-lo.

Ao contrário, o olhar que não ama manterá as distâncias para, longe, poder julgar.
Demonstrará domínio sobre a realidade da qual se aproxima para dominá-la, mas não será, certamente, o olhar de um médico que cura, com amor, o mal que encontra...

Olhar: uma relação abre-se, uma relatividade transforma-se em experiência concreta.
Tudo existe, mas não por meio de você, de um ponto de vista particular como o seu,
diferente do de qualquer outra criatura humana.

Porque você olhará, mas será a sua história,
serão a sensibilidade e as expectativas escondidas em você mesmo a distinguir uma parte da realidade.
Ou somente uma parte da verdade, que, por ser tão grande, um só homem não pode contê-la.
E serão os olhos do coração e da inteligência que repousarão em volta de você e saberão se abrir e, talvez, contemplar...

Contemplar é tornar grande o que já é imenso. Sem palavras, é dizer da bondade de um ser, afirmar-lhe o imenso valor que tem para você.
É alegrar-se por aquilo que foi criado, como Deus ao término de sua obra, e saborear o sentido de fazer parte do conjunto.
O olhar, no fundo, é uma janela aberta em sua direção e na do próximo, para dizer de uma relação que pode nascer e, com ela, uma vida a dois.

Então a tolerância existirá na qualidade de um olhar.


Renato Zílio

Do livro: Elogio da tolerância - Paulinas

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